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Proteína animal no Brasil

Desafios, avanços e novas perspectivas

Mesmo num ano atípico, o mercado da proteína animal no Brasil continua alcançando altos patamares. São índices impressionantes ligados à produtividade e qualidade do setor no país. Por exemplo, as exportações brasileiras de carne de frango seguem subindo na comparação com 2019 – ao todo, foram embarcadas 3,498 milhões de toneladas entre janeiro e outubro de 2020. Além disso, as exportações de carne suína acumulam, em 2020, alta de 40,4%.

Para entender um pouco mais sobre esses números e projetar o futuro do mercado, a Andav conversou com o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin. A ABPA é a representação político-institucional da avicultura e da suinocultura do Brasil, congregando mais de 140 empresas e entidades de vários elos, responsáveis por uma pauta exportadora superior a US$ 8 bilhões.

Um pouco de história

Para entender o momento atual, Ricardo Santin diz que é necessário viajar à década de 70, no século passado, quando a história do profissionalismo do setor da proteína animal no país foi transformada por um novo modelo produtivo baseado na integração vertical entre produtores e indústrias, implantado inicialmente no interior de Santa Catarina. “O padrão de qualidade e sanitário alcançado a partir desta gestão verticalizada fez o Brasil dar saltos de produção na avicultura, o que ocorreu posteriormente também na suinocultura. Não demorou para alcançarmos o mercado internacional ainda na década de 70. A partir disso, a competitividade setorial foi cada vez maior graças aos fortes investimentos, aos modelos empresariais altamente profissionalizados”, conta Ricardo.

Além disso, especialmente a partir de 2004, o ano da grande crise global de Influenza Aviária, o Brasil passou a ocupar espaços de protagonismo também no mercado internacional. Em aves, assumimos a liderança das exportações e nos consolidamos como quarto maior exportador de carne suína. Além da qualidade dos produtos, o status sanitário do setor brasileiro passou a ser reconhecido como grande diferencial competitivo – o Brasil nunca registrou Influenza Aviária e é livre da Peste Suína Africana e da Diarreia Suína Epidêmica.

 

O desafio de 2020

Com a pandemia do Coronavírus, o setor da proteína animal no Brasil, como todos os outros mercados produtivos, precisou se reinventar para manter os bons números do passado. E Ricardo conta que, mesmo diante da maior crise da humanidade nas últimas décadas, o Brasil conseguiu manter o abastecimento de alimentos e o protagonismo como fornecedor de alimentos para o mundo.

“Isso ocorreu graças a um trabalho avançado que empregamos desde antes do início da quarentena, com foco na preservação da saúde dos colaboradores e dos níveis produtivos. Nossos primeiros protocolos datavam de 12 de março. Outros foram desenvolvidos até a instituição de nosso Protocolo validado pelo Hospital Israelita Albert Einstein. Pouco depois, os Ministérios da Agricultura, da Saúde e a Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia estabeleceram a Portaria Interministerial n° 19, transformando as medidas de cuidado em lei”, explica o presidente.

Além da manutenção dos níveis de consumo interno, a produção brasileira foi impulsionada especialmente pelas importações asiáticas graças à crise sanitária da Peste Suína Africana, que causou problemas na produção não só na Ásia, mas também na Europa e na África. Como o Brasil manteve-se livre da doença, reforçando seu bom status sanitário, a produção no país conseguiu grandes saltos em 2020.

“Hoje, esse status sanitário é o grande diferencial para seguirmos em franca expansão no mercado internacional de suínos. Neste contexto, também é importante ressaltar o reconhecido padrão de qualidade dos produtos brasileiros, que é outro fator de competitividade setorial para os nossos exportadores”, expõe Ricardo.

Cenário pós-pandemia

Para o presidente da ABPA, com o fim da pandemia do Coronavírus, muitos dos critérios que hoje são largamente empregados no setor produtivo brasileiro serão desejados por consumidores de todos os mercados. “Ressalto aqui não apenas a qualidade e o status sanitário, mas questões como sustentabilidade e bem-estar animal. São fatores que precisaremos comunicar de forma mais efetiva para que sejam mais bem percebidos pelos consumidores em todo o mundo. Veremos, ainda, consumidores em busca de soluções que simplifiquem a rotina, como produtos prontos e saudáveis. São fatores que agora, mais do que nunca, pautam as áreas de P&D das empresas”.

Neste novo cenário, o Distribuidor de Insumos tem a missão de empregar novas tecnologias que favoreçam ganhos em qualidade e competitividade, os quais serão cada vez mais demandados pelo setor agroindustrial. “Assim como será exigido pelos consumidores, a indústria demandará de seus fornecedores inovações voltadas para ganhos de produtividade, com foco na redução de perdas e de emissões”, diz Ricardo.

Para ele, o momento é de agregar mais processos e valor para gerar empregos e renda na cadeia produtiva. “Queremos alcançar um novo patamar de produção, pensando em produtos ainda mais segmentados, sem perder o foco do perfil sustentável e competitivo do setor. Com essa visão, vamos trabalhar para manter o tripé de sustentabilidade setorial, especialmente o econômico, atualmente impactado pelas altas dos insumos. Não à toa, estamos trabalhando para subsidiar o Poder Executivo com informações e projetos que apoiem o desenvolvimento industrial, como propostas de integrações ferroviárias, informações oficiais sobre importações futuras de grãos e outras iniciativas”, finaliza o presidente.

Texto produzido em janeiro de 2021 para a revista "ANDAV em Ação", publicação voltada aos associados da ANDAV (Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas).

Foto da capa: Pixabay

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