FERNANDO CORILOW

Imagine que você decida plantar uma árvore. Pense no trabalho e no tempo que seriam investidos para concluir esta tarefa: o preparo do solo, o plantio, a rega, a poda... e, é claro, todos os anos de espera até que aquela pequena muda se transforme na tão desejada e vistosa árvore.

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Agora imagine que, para compensar parte das emissões de gases do efeito estufa na atmosfera, você seja incumbido de plantar não apenas uma árvore, mas sim 5,4 milhões delas. Considerando que é recomendável separar uma distância de pelo menos dois metros a cada muda plantada, isso seria o equivalente a encher aproximadamente 2.545 campos de futebol com novas árvores. Consegue mensurar tamanho esforço?

 

Esse simples exercício de imaginação mostra que, ao invés de compensarmos as emissões de gases danosos ao meio ambiente, é muito mais fácil e produtivo se pudermos evitá-las. E é exatamente isso que o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias, o inpEV, vem realizando por meio do Sistema Campo Limpo, programa criado em 2002, cujo objetivo é atuar na logística reversa de embalagens vazias de defensivos agrícolas em todo o Brasil.

 

Graças ao Sistema Campo Limpo, cerca de 94% das embalagens plásticas primárias (as que entram em contato direto com o produto) e 80% do total das embalagens de produtos comercializados anualmente no Brasil recebem a correta destinação pós-consumo. Nenhum país do mundo registra uma cobertura tão ampla. Na França, que tem o segundo melhor desempenho, a destinação não passa de 77%, seguida do Canadá, com 73%.

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Os benefícios ambientais do programa são avaliados anualmente por um estudo de ecoeficiência realizado pela Fundação Espaço Eco, organização especializada em avaliações de impacto e ciclo de vida. O levantamento compara o cenário atual real a uma situação hipotética sem a existência do programa de logística reversa. E, de 2002 a 2019, o Sistema Campo Limpo evitou a emissão de 752.658 toneladas de gás carbônico equivalente (CO2eq) na atmosfera. Caso ele não existisse, o número aproximado de árvores que precisariam ser plantadas para compensar essas emissões seria – você já deve estar imaginando – 5,4 milhões.

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Como tudo funciona

 

João Cesar Rando, diretor-presidente do inpEV, explica que o programa é um caso completo de economia circular, já que transforma a resina reciclada em novos produtos que retornam ao ciclo produtivo como embalagens, tampas de defensivos agrícolas, artefatos para construção e muito mais. “A economia circular busca uma nova maneira de projetar, produzir e consumir, respeitando os limites do planeta e gerando valor. Trata-se de uma mudança sistêmica, incluindo preocupações sobre o ciclo de vida de produtos desde o seu desenvolvimento”, conta.

 

O diretor-presidente explica que, além de contribuir com o meio ambiente, a ação está se tornando uma atividade econômica de crescente importância tanto para a sociedade quanto para as organizações, com grandes benefícios para todos os elos.

 

O papel do Distribuidor

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Os Distribuidores de Insumos Agrícolas têm papel fundamental na logística reversa de embalagens vazias e sobras de defensivos, aponta João Cesar Rando. Afinal, é deles a obrigação legal de manter locais adequados para receber e armazenar as embalagens vazias e indicá-los na nota fiscal ao agricultor. Seu papel, integrado a outros elos da cadeia, também envolve a educação e conscientização de agricultores sobre a importância de seguir os procedimentos corretos e participar da logística reversa. “É com esse trabalho conjunto que a mensagem de sustentabilidade chega ao consumidor final, transformando o Sistema nessa cadeia de boas atitudes em prol de uma agricultura cada vez mais sustentável”, conta o diretor-presidente.

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Dia Nacional do Campo Limpo

 

Desde 2008, comemora-se no Brasil, em 18 de agosto, o Dia Nacional do Campo Limpo. A data foi criada pelo inpEV para reconhecer a participação dos diversos agentes da logística reversa de embalagens vazias de defensivos agrícolas no Brasil e celebrar os resultados alcançados. Em 2020, a comemoração precisou se adaptar ao contexto da pandemia, sendo realizada online, o que não diminuiu o impacto da data.

 

“Os Distribuidores de Insumos Agrícolas se engajaram de forma fenomenal nas ações de solidariedade realizadas em todo o país. Esta versão digital atingiu milhões de pessoas e nos deu a oportunidade de reforçar o que o programa representa para o país, para a comunidade e para o meio ambiente. O evento teve atividades virtuais e a promoção de ações de solidariedade, que resultaram na doação de 9,5 mil cestas básicas, equivalentes a 150 toneladas de alimentos, beneficiando mais de 100 entidades e milhares de famílias que precisam de ajuda”, revela João Cesar Rando.

 

As Associações de Revendas de Produtos Agropecuários também são agentes importantíssimos na logística reversa de embalagens no Brasil. Elas foram criadas a partir da Lei no 9974/00, de 2.000, que tornou as embalagens vazias de agrotóxicos de responsabilidade dos fabricantes, distribuidores destes produtos e produtores. Assim, as Associações nasceram estruturando centrais e postos de recebimento de embalagens vazias com o intuito de assumir a responsabilidade ambiental e social com mais força, organização e uniformidade, aumentando significativamente o índice do recolhimento das embalagens vazias de agrotóxicos do campo.

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O Conselho Estadual das Associações de Revendas de Produtos Agropecuários do Mato Grosso (Cearpa) é uma das associações que vem tendo forte atuação em sua região, em parceria com os produtores rurais e o inpEV. “Hoje, o estado do Mato Grosso é modelo mundial de logística reversa, atingindo 97% das embalagens enviadas ao campo e trazendo segurança ao meio ambiente e à população em geral. Em 2020, aproximadamente 13 mil toneladas de embalagens oriundas de centrais de recebimento geridas por associações de Distribuidores do Mato Grosso foram retiradas do campo e destinadas de forma correta para as indústrias de reciclagem”, conta Erika Segóvia, Diretora Executiva do Cearpa MT e Coordenadora da Andav no Mato Grosso.