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TaiLA: Como automatizamos os processos de análise de legislações na Bosch Brasil

Ouso dizer que a Bosch é um Big Data de oportunidades de aprendizado e desenvolvimento de carreira. E digo por que minha própria trajetória por aqui é prova disso, especialmente nos últimos quatro anos!

Entre 2018 e 2019, trabalhei por três meses em uma iniciativa da Bosch com a Universidade de Berkeley para criar novos modelos de negócio. Em 2020, no alto da pandemia, eu estava na planta da Bosch junto com um colega, o André Milani, para implementar robôs autônomos (AMR — Autonomous Mobile Robots) no chão de fábrica. Em 2021, fiz uma especialização em Ciência de Dados. E agora, em 2022, aqui estou eu, trabalhando junto com a área fiscal da Bosch em um projeto de suma importância no campo da Inteligência Artificial!

É exatamente por causa desse último projeto, que chamamos de TaiLA — Tax Artificial Intelligence Latin America, que eu fui convidado a escrever este post no Medium. Mas quero aproveitar a oportunidade para também contar um pouco da minha trajetória de vida e profissional e, quem sabe, te inspirar um pouco mais nos desafios e caminhos da sua própria carreira!

Quem é o Marcio Garcia?

Costumo dizer que sou um produto da educação. Eu fui criado em uma fazenda situada no munícipio de Aporé, no estado de Goiás. Meus pais sempre foram lavradores e tínhamos uma condição de vida simples. Em minha cidade, havia apenas escolas da 1ª a 4ª série, com uma só professora para atender a todos os anos!

Mesmo neste contexto, meus pais sempre foram muito rígidos com a educação em casa, tanto minha quanto do meu irmão. Eles nunca deixaram a gente “pegar gosto” pelo trabalho na fazenda. Sempre fizeram de tudo para que a gente estudasse e conseguisse uma condição melhor que a deles.

E foi o que fizemos! Quando terminei de cursar a 4ª série, precisei ir pra “cidade” estudar — e assim fui, para Cassilândia (MS). Lá, havia uma escola de informática, e eu me interessei por aquilo. Em um dos meus aniversários, pedi de presente a meus pais um curso de computação. Foi assim que comecei a ter contato com a área de Tecnologia.

Nessa época, desenvolvi uma amizade com um colega que tinha um computador em casa. Íamos direto para lá, para estudar. E eu sempre fui muito esforçado, sempre gostei dos estudos… e assim fui pegando gosto pela coisa. Foi quando percebi que gostaria de cursar algo relacionado à computação e engenharia.

Era algo muito novo para minha família, que sempre só teve advogados, farmacêuticos ou pessoas sem curso superior. Todo mundo achou que eu era doido: nem inglês eu tinha! Mas meus pais diziam: “se é isso que você quer, tem que correr atrás. Vamos fazer acontecer”.

Foi assim que prestei vestibular e consegui ingressar no curso de Engenharia da Computação na UNIFEV, o Centro Universitário de Votuporanga. Enquanto isso, meu irmão decidia cursar Medicina — outra quebra de padrões para minha família. Hoje ele também é formado, e meus pais, dois lavradores, têm o orgulho de dizer que têm um filho médico e outro engenheiro. Eles estavam certos, lá atrás: nós tínhamos que estudar!

Bom, eu me formei cinco anos depois de ingressar no curso, me mudei para São Paulo e consegui uma oportunidade para trabalhar na Siemens. Por lá, foram 10 anos de muitos aprendizados e desenvolvimentos nas mais variadas áreas. Me apaixonei pela cultura alemã de fazer as coisas do jeito certo, sem rolos ou jeitinhos. Consegui desenvolver meu inglês. E atuei como Engenheiro de Sistemas, Arquiteto de Softwares, Analista de Requisitos… fiz praticamente tudo relacionado a Desenvolvimento de Software!

Na Bosch

Foi depois desse período de 10 anos que cheguei à Bosch, em 2016. Primeiro para trabalhar na área central de TI, suportando as ferramentas de engenharia de produto. Logo que cheguei, por estar em uma área central, percebi que a Bosch é um universo de oportunidades. Você só não cresce se não quiser e não tiver iniciativa. Basta ir pra cima e buscar as chances!

Por isso que logo tive a ideia de migrar dessa área de ferramentas de engenharia. Já estava trabalhando neste setor há 10 anos e queria novos ares, novas experiências. Aproveitei que a Bosch estava investindo no intraempreendedorismo para começar a entender o mundo das startups. Fiz um MBA em gestão empresarial para aumentar a minha visão estratégica e entender como o meu know-how técnico poderia estar mais alinhado aos objetivos da empresa.

Bom, a estratégia da Bosch é se tornar cada vez mais uma empresa de IoT, com serviços e produtos digitais. E foi daí que comecei a me aprofundar na área de dados. Depois do MBA, há cerca de dois anos, fiz uma especialização como cientista de dados, e agora minha carreira está pautada por projetos na área de Inteligência Artificial.

O TaiLA — Tax Artificial Intelligence Latin America

E assim chegamos ao momento atual da minha carreira e ao projeto no qual venho atuando desde o início de 2022, o TaiLA — Tax Artificial Intelligence Latin America!

Esse projeto surgiu de uma necessidade da nossa área fiscal (Tax), que trouxe essa demanda para o pessoal de TI. E qual era essa dor?

A área precisava fazer, quase que diariamente, uma varredura das legislações federais, estaduais e municipais do País para identificar se haviam mudanças ou novas leis que impactavam, de alguma forma, nas operações da Bosch. E esse era um processo 100% manual. Uma pessoa da área precisava acessar site por site, link por link, lei por lei, decreto por decreto, para entender se alguma nova legislação seria aplicável à Bosch, para daí criar uma tarefa interna que atendesse à mudança.

Agora imagine a situação: vivemos em um país complexo, com um governo central, 27 estados e mais de 5.000 municípios. Fazemos parte de uma empresa extremamente legalista — não no sentido ruim da palavra, mas no bom, de sempre cumprir as leis –, na qual precisamos ter certeza de que nossas operações estão de acordo com as leis de cada região onde atuamos.

E daí veio o pedido de ajuda à nossa área de TI: como automatizar e agilizar esse processo de varredura periódica das legislações federais, estaduais e municipais e disparar tarefas internas para as áreas se adequarem às mudanças e novas leis o mais rápido possível?

Foi a partir dessa demanda que começamos a trabalhar, no início de 2022. E o primeiro desafio que encontrei foi de pessoal: em uma área tão aquecida, com tanta demanda de profissionais de Tecnologia, não foi fácil encontrar pessoas para me auxiliar tecnicamente neste projeto.

Mas consegui superar este obstáculo e encontrar a ajuda de meus ótimos colegas Naelson Douglas Cirilo Oliveira, consultor em Ciências de Dados, e Elias Yuri Máximo, estagiário e programador Python, que estiveram comigo ao longo de todo o projeto. Não poderia deixar de aproveitar a oportunidade para agradecê-los pela parceria.

E já que estamos falando disso, aproveito para também agradecer à Milena Bombonato, nossa cliente interna, e à Rejane Pascon Rapanelli, gerente de projetos. Elas também foram grandes parceiras em toda essa jornada!

Com o time formado, começamos a entrar de fato nos desafios técnicos da demanda. Por exemplo: precisávamos trabalhar com NLP, o Natural language processing, que tem muitas ferramentas para o inglês, mas nem tantas para o português. Além disso, precisávamos treinar os modelos de NLP existentes para captar o português escrito das legislações, que é extremamente diferente do português falado, que vemos por aí nas mídias sociais e que é base da maioria das bibliotecas que reutilizamos.

Havia ainda um outro desafio: nós não temos uma fonte única de dados para as legislações. Elas estão espalhadas em diversos websites. Ou seja, teríamos que encontrar uma forma para coletar esses dados e daí criar o modelo de inteligência artificial que os analisasse de forma diária.

O desenvolvimento da solução

Com base nas dores da área de Tax e procurando superar esses desafios técnicos, iniciamos todo um processo para elaborar essa solução de automatização do processo de análise das legislações.

Começamos criando um dataset (banco de dados) de legislações. Depois, fomos entender como treinar o modelo para que ele diga se uma nova lei é ou não aplicável à Bosch. Para isso, tivemos que compreender a estrutura básica das legislações. Afinal de contas, uma lei tem a ementa, os preâmbulos, os parágrafos, as alíneas… então tivemos que mergulhar nesse tecniquês das leis brasileiras para entender como tudo funcionava! 😅

Aí começamos a testar diferentes formas para fazer o pré-processamento desses dados. Por exemplo: remoção da pontuação, dos acentos, dos nomes de pessoas…

Depois, iniciamos os testes nas várias técnicas de machine learning. Experimentamos coisas como regressão logística, modelos de SVM (SVC), decision tree, random forest e outros até encontrar as opções que melhor se encaixavam à nossa necessidade.

Por fim, entramos na fase de modelos de Deep Learning. Fizemos estudos das redes neurais convolucionais, LSTM e outros algoritmos ou arquiteturas que pudessem nos auxiliar.

Ufa! Com todas essas etapas, conseguimos criar, por fim, uma primeira versão do TaiLA, composta por um modelo baseado em machine learning com web crawlers (rastreadores de rede) que realizam a aquisição de dados de legislações federais, baseando-se em três websites principais.

Próximos passos

Ou seja: mesmo com todo esse trabalho ao longo de 2022, ainda tem muita coisa pra rolar em 2023! Conseguimos desenvolver um primeiro modelo focado nas legislações federais, e para o próximo ano queremos estabilizar essa solução e começar a trabalhar nas legislações estaduais e municipais com a ajuda da arquitetura de Transformers.

 

Um processo já bem encaminhado, pelo que desenvolvemos em termos de tecnologia, mas ainda muito trabalhoso, pois teremos que ampliar nosso dataset e lidar com várias formas de dados, sem nenhum padrão definido e localizados em dezenas ou centenas de websites diferentes. Boa sorte pra gente! 😂

Voltando ao Big Data de oportunidades…

Queria terminar esse post voltando ao que eu disse lá em cima, sobre a Bosch ser um Big Data de oportunidades. Participar desse projeto reforçou para mim que aqui podemos desenhar nossa carreira para ir evoluindo de acordo com as necessidades da empresa.

Eu me considero muito dinâmico: onde tem um desafio, é ali que eu quero estar. Por isso que, nos últimos anos, fui de projetos de novos negócios para robôs autônomos no chão de fábrica até chegar a um projeto de AI na área de Tax. A cada ano, praticamente, estou fazendo uma coisa nova!

Se você quer ter essa atuação ampla, com novos desafios e novas tecnologias a serem trabalhados, a Bosch é o seu lugar! Agora, se você tem um perfil diferente, de focar em uma área do conhecimento e se desenvolver nela por bons anos… a Bosch também é pra você! Também temos oportunidades para fazer carreira em uma área específica. Aceitamos a diversidade em todos os sentidos, inclusive nas histórias de vida (como a minha, que é bem diferente do comum) e nos objetivos de carreira. Só depende de você!

Caso você tenha, de alguma forma, se inspirado a buscar uma oportunidade profissional aqui na Bosch, acesse agora mesmo a nossa página de carreiras! Nosso time de Tecnologia continua crescendo e precisamos de profissionais nas mais variadas áreas. Vem com a gente!

Obrigado por me acompanhar ao longo desse post e até a próxima!

Texto produzido em formato ghostwriting, em dezembro de 2022, para a página "Bosch Tech Brasil", no Medium. Você pode acessar este conteúdo em sua publicação original clicando aqui.

Foto da capa: FreePik

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